segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Agenor sofria de um problema.
Não podia matar sua sede por Ella.
Queria ser metal. Fundir.
Era como um sedento que fizesse dela sua água. 
Tê-la aos sorvos.
Ela lhe trazia um alívio que somente poderia ser entendido pelos sedentos e famintos.
A urgência com a que a olhava era ânsia em satisfazer uma necessidade primal.
Ella teimava em lhe negar desta água.
Sempre se escondendo com mãos, lençóis e camisas.
Enquanto ele queria despi-la, tê-la andando livremente pelo quarto a procura de algum objeto perdido, ela insistia em cobrir-se com pedaços de farrapo inconvenientes. Ah, se ela lhe fosse bondosa e matasse sua sede! Observaria cada pequeno detalhe, trejeito. Teria-a por completo. 
Às vezes, pensava que Ella sabia do seu tormento e o torturava.
Deleitava-se no seu sofrimento e angústia. Seu sorriso por vezes lhe era maroto demais ao puxar de um lençol.
Como quem diz: você já teve o suficiente por hoje, querido.
E ele, ao olhar para o tecido onde desejava ver pele, sorria tristemente: nunca será suficiente, querida. Somente a morte mata o anseio de uma vida.

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