Agenor vivia em estado constante de agonia.
Gemia ante a escuridão que ocupava sua mente.
Debatia-se contra as amarras invisíveis que cegavam sua arte.
Parecia que a própria Terra prendia sua inspiração na lava que continha em núcleo.
Desde que seus pensamentos e anseios se viram livres de sua paixão por Ella, ele estava em um constante hiato.
Era um hiato de paz. Calmaria. Plenitude.
Um hiato de arte.
As Artes pareciam tê-lo abandonado à própria sorte. Vagando sem rumo em um mar de desesperança.
Não conseguia mais externar a beleza do que sentia.
Não conseguia mais descrever o que antes enxergava na vida.
A vida não deixara de ser bela. Ele apenas não enxergava a beleza que nela havia.
Seus olhos estavam daltônicos devido a sua mente sã.
Sã da embriaguez da paixão.
Agenor não era infeliz, muito menos feliz.
Ele vivia em hiato.
Hiato em não amar.
Era um boêmio sem dinheiro para o drink da esquina, era um ditador sem a frieza do poder que continha, era um camaleão no vácuo do espaço - incapaz de se fundir ao fundo de astros.
Agenor era um artista sem paixão.
Uma vela apagada em plena escuridão, sozinha, fria e sã.
O drink que bebia era fiado, a arte que queria era perdida.
Ele olhava o copo da embriaguez, querendo beber dali o que bebia da paixão.
Mas como não era possível:
- Garçom, me traz mais um copo.
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