Os poetas falam tanto sobre café, cigarros e decepções amorosas.
E eu entendo apenas sobre os dois últimos.
Cigarros que despedaçaram meus dentes e decepções que amarelaram meu coração.
Não gosto de café.
Não gosto de café com pão.
Não gosto de café com bolo.
Não gosto de café com cigarros.
Não gosto de café.
Mas como falar de amores e cigarros sem falar de café?!
Como ser um personagem da vida sem afogar as mágoas num café amargo enquanto se fuma um cigarro?!
Imagine:
"A paisagem era austera. Seu coração era austero. Sua dor, latente. Não sabia se o café que era amargo demais ou se seu paladar havia engrossado assim como sua voz devido aos inúmeros soluços da noite anterior. Observava a fumaça se desfazer com o vento, a paisagem ao fundo. O cigarro que mata. O café que amarga. O coração que anseia. Todos os três tão comuns e rotineiros, pareciam estranhos coadjuvantes naquele dia ensolarado.
Que ironia! Sol, logo hoje.
Será que os deuses não se padeciam das suas lágrimas?! Misericórdia, ele queria gritar.
E apesar do sol intenso e intermitente em sua nuca, ele continuava a beber o café amargo e a puxar a fumaça densa e quente.
Era desconfortável.
Mas era o necessário.
Corações despedaçados se curam assim. Entre cigarros e cafés."
Sou uma imitação de poeta.
Uma tentativa.
Um engasgo.
Uma vontade irrealizável.
Um grito engolido.
Um orgasmo perdido.
Um café não tomado.
Um poeta que não bebe café é o mesmo que um maço sem cigarros.
Dispensável.
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