quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Não venha

Às vezes, penso que é melhor você não vir.
É. Não venha.
Não venha.
Não deturpe meu dia.
Não perturbe minha mente.
Não tente minha sanidade.
Não venha. Permaneça no limbo.
Nem cá, nem lá.
No intermédio. Na indiferença.

Seja o intervalo.
Seja a ausência.
Seja o desconhecido ao virar de uma esquina.
Seja apenas a vontade.
Seja você. Mas o seja longe de mim.

Não venha.

Não venha me perseguir com seus olhos avelãs, seu cabelo negro e sua pele alva.
Guarde seus dotes, sempre tão bem cuidados, para outra.
Esconda suas mãos, seu pescoço, seus lábios.
Vista a burca.
A burca da minha sanidade.

Não venha.

Não me procure.
Deixe-me seguir em frente com os espólios que restaram.

Seja justa.
Não venha.

Seja bondosa.
Não venha.

Seja pura.
Não venha.

Seja indiferente.
Não venha.

Seja bela.
Mas onde eu não possa vê-la.
Passe o melhor perfume. O nosso perfume. Banhe-se nele.
Mas permaneça a uma distância que não me seja possível cheirá-lo.
Por fim, quando não vier..
Me ame.
Me abrace.
Me cheire.
Me beije.
Me toque.
Mas no limbo. No intervalo. No abstrato.

Eu lhe peço, não venha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário