segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Suicidas

João. Maria e José.

Lá estavam os três.

O fumante, intrépido no ato de repetidamente acender seu cigarro de palha; a fumante-suicida, desejosamente fitando a fumaça alheia; e o não-fumante, sufocando no ar que inspirava na esperança de que fosse tabaco.

João, sem perceber o drama interno do qual seus outros comparsas 
padeciam; Maria, pensando seriamente em fumar a fumaça-suicida do seu cigarrocareta; José, tentando distrair sua mente em abstinência recente.

O cigarro de João apagou e ele, por sua vez, não fez questão de acendê-lo. A vontade de Maria aumentou e ela, cedendo, confessou aos outros sua vontade de fumar o Suicida. O desejo de José apertou e ele, injuriado, fez ouvir sua completa aversão ao ato de fumar um Suicida.

João, bom de coração como era, se ofereceu para acompanhar Maria no tal ato, como dissera José, libidinoso. Maria, aliviada como estava, cedeu a João um de seus Suicidas. José, inconformado, replicou a João que não fumasse, insistiu ferozmente, chegando a se levantar para expressar seu ponto.

O dar de ombros de João foi simultâneo ao acender do seu Suicida. O olhar de Maria acompanhou a reação de José. O estremecer de José externou desaprovação. Parado, fitou os dois fumantes-suicidas.

João o encarou tranquilamente através da fumaça que soltava. Maria replicou que aquele Suicida, em particular, era um Suicida-Livre, ou seja, mais aceitável. José, ainda inconformado, voltou a se sentar.

João, tranquilo, continuava fumando. Maria, atenta, ofereceu à José um Suicida. José, aliviado, aceitou.

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